Estava à cerca de um ano para fazer isto. É uma daquelas coisas que arrumamos na gaveta de ”um dia faço”. No ano passado um grupo de gente sã, organizou-se para fazer a viagem à concentração de Faro em motas de 50cc tipo Sachs, Casal, Famel, Zundapp etc… Foi meia história de sucesso, pois apenas fizemos a viagem de ida. Por várias questões, optámos por regressar de carro. Nessa altura deixei a minha Zundapp em Olhão, bem guardada na casa da minha irmã. Desde então que me assalta a ideia de ir lá abaixo e trazê-la para casa para a recuperar “à lá Zé”… coisa que apesar de tudo não sei como será. Lá está… “à lá Zé”!
Com o fim de semana grande pensei seriamente nisso. Pensei qual seria a melhor maneira de fazer chegar a mota a casa. Pensei, pensei, tornei a pensar e só me vinha uma ideia à cabeça. Trazê-la a rolar, pois claro! Se fez a viagem para baixo, por que motivo não faria a viagem para cima? Só de me lembrar do que me diverti na serra do Caldeirão, nem duvidei. Sábado de manhã. Bilhete comprado e boleia do mano novo até Sete Rios para apanhar o expresso direito a Olhão. Passei o sábado de tarde com o Helder na sua garagem a tratar das coisas “à lá Zé”.
Primeira coisa a fazer foi sacudir o pó acumulado durante este tempo. Depois de posta a trabalhar, preocupei-me com as luzes, ou melhor, preocupou-se o Helder que eu sou muito bom em electricista, mas é debaixo de água… Seguiu-se um tempo para apertar todos os parafusos desapertados e recolocar porcas que faltavam nos apoios do motor. Estranhamente o motor nunca mais dançou ahahaahah. Ficou tudo mais ou menos razoável, “à lá Zé”, para arrancar na segunda feira. Domingo foi religiosamente para descansar e gozar a família. Segunda feira… ui segunda feira, foi bom, muito bom. Logo de manhã fui bafejado pela sorte. Se isto me acontecesse mais tarde estava arrumada a viagem. O Helder pergunta-me a que bomba de gasolina vou. Respondi depois de pensar um pouco (já que o depósito estava a cerca de meio) que iria logo a uma ali ao lado. Assim tive companhia até lá. Parei para abastecer e entrei na loja para comprar óleo para a mistura da gasolina. Depois é que fui abastecer. Opsss! Épah, como é que abro o tampão disto agora? (Tinha perdido a chave na concentração de 2008) Caraças! Uma mota tão velha e carunchosa, logo tinha de ter fechadura no tampão… Como estava ali o Helder, optámos por regressar à garagem para abrir aquilo e… surpresa! A mota não pega!! Por esta altura já suava em bica. Enquanto levava a mota à mão, o ânimo começava a desvanecer… Depois de cerca de uma hora de volta dela, lá o Helder deu com o “gato”. O cabo do cachimbo estava a passar energia para a cabeça do motor o que o fazia parar de trabalhar… Trocou-se o cachimbo e pegou logo! Fiquei para lá de contente. Eram cerca de 11 horas quando ganhei confiança para me sentar na mota e arrancar com apenas uma chave de velas no saco. Foi secando o suor no corpo enquanto no sentido inverso aumentavam os níveis de confiança e os km foram passando sem saber a quantos ia, porque o manómetro não marca nada. Chegou a Estrada Nacional 2. Um sorriso de orelha a orelha! Agora é que vai ser… e foi! A cada curva que fazia, mais vontade de rir tinha. Impressionante como é divertido conduzir uma motinha destas. Ás tantas pensei em dar tudo de mim naquelas curvas, mas as folgas eram muitas e faziam de travão na minha cabeça, e realmente se quisesse travar teria de ser com esse mesmo já que os da mota pouco ou nada faziam… Aliás ficava de certo modo irritado quando me aparecia um carro pela frente para ultrapassar, porque teria de abrandar a velocidade, perder rotação e possivelmente travar, coisa que nestas motas fraquinhas leva tempo a recuperar depois, mas ainda assim fiz uma quantas ultrapassagens limpas e sem tocar nos travões ou perder muita velocidade. Foi a loucura!
Com o fim de semana grande pensei seriamente nisso. Pensei qual seria a melhor maneira de fazer chegar a mota a casa. Pensei, pensei, tornei a pensar e só me vinha uma ideia à cabeça. Trazê-la a rolar, pois claro! Se fez a viagem para baixo, por que motivo não faria a viagem para cima? Só de me lembrar do que me diverti na serra do Caldeirão, nem duvidei. Sábado de manhã. Bilhete comprado e boleia do mano novo até Sete Rios para apanhar o expresso direito a Olhão. Passei o sábado de tarde com o Helder na sua garagem a tratar das coisas “à lá Zé”.
Primeira coisa a fazer foi sacudir o pó acumulado durante este tempo. Depois de posta a trabalhar, preocupei-me com as luzes, ou melhor, preocupou-se o Helder que eu sou muito bom em electricista, mas é debaixo de água… Seguiu-se um tempo para apertar todos os parafusos desapertados e recolocar porcas que faltavam nos apoios do motor. Estranhamente o motor nunca mais dançou ahahaahah. Ficou tudo mais ou menos razoável, “à lá Zé”, para arrancar na segunda feira. Domingo foi religiosamente para descansar e gozar a família. Segunda feira… ui segunda feira, foi bom, muito bom. Logo de manhã fui bafejado pela sorte. Se isto me acontecesse mais tarde estava arrumada a viagem. O Helder pergunta-me a que bomba de gasolina vou. Respondi depois de pensar um pouco (já que o depósito estava a cerca de meio) que iria logo a uma ali ao lado. Assim tive companhia até lá. Parei para abastecer e entrei na loja para comprar óleo para a mistura da gasolina. Depois é que fui abastecer. Opsss! Épah, como é que abro o tampão disto agora? (Tinha perdido a chave na concentração de 2008) Caraças! Uma mota tão velha e carunchosa, logo tinha de ter fechadura no tampão… Como estava ali o Helder, optámos por regressar à garagem para abrir aquilo e… surpresa! A mota não pega!! Por esta altura já suava em bica. Enquanto levava a mota à mão, o ânimo começava a desvanecer… Depois de cerca de uma hora de volta dela, lá o Helder deu com o “gato”. O cabo do cachimbo estava a passar energia para a cabeça do motor o que o fazia parar de trabalhar… Trocou-se o cachimbo e pegou logo! Fiquei para lá de contente. Eram cerca de 11 horas quando ganhei confiança para me sentar na mota e arrancar com apenas uma chave de velas no saco. Foi secando o suor no corpo enquanto no sentido inverso aumentavam os níveis de confiança e os km foram passando sem saber a quantos ia, porque o manómetro não marca nada. Chegou a Estrada Nacional 2. Um sorriso de orelha a orelha! Agora é que vai ser… e foi! A cada curva que fazia, mais vontade de rir tinha. Impressionante como é divertido conduzir uma motinha destas. Ás tantas pensei em dar tudo de mim naquelas curvas, mas as folgas eram muitas e faziam de travão na minha cabeça, e realmente se quisesse travar teria de ser com esse mesmo já que os da mota pouco ou nada faziam… Aliás ficava de certo modo irritado quando me aparecia um carro pela frente para ultrapassar, porque teria de abrandar a velocidade, perder rotação e possivelmente travar, coisa que nestas motas fraquinhas leva tempo a recuperar depois, mas ainda assim fiz uma quantas ultrapassagens limpas e sem tocar nos travões ou perder muita velocidade. Foi a loucura!
Depois da serra veio a planície alentejana com as suas longas rectas. Lutei para não ir a fundo, mas a confiança naquele motor foi tanta que não pude evitar. Parei para abastecer e petiscar qualquer coisa na Mimosa. Daí até Setúbal foi um tiro. Quer dizer um tirinho fraquinho, mas bem rodado! Parei em Setúbal para vestir o impermeável que estava a ver a coisa negra. Voltei a parar em Azeitão! Terra maldita! Foi aí que comecei a pensar que não seria fácil chegar a casa. A mota foi abaixo e não pegava. Usei a única ferramenta que tinha e depois de desmontar e montar a vela, pegou. Voltei a sorrir. Novo abastecimento em Coina, controlei o relógio e pensei que meia hora seria suficiente para chegar a Cacilhas, visto que teria um ferry às 16:40. Feijó, Almada, Cacilhas... foi dramático. Duas paragens obrigatórias e sem perceber o que se estava a passar. Da vela não era, nunca tinha sido. Restava a opção inicial. O maldito cabo do cachimbo. Se o Helder trocara o cachimbo em si, agora restava-me a ligação do outro extremo. Assim que desencaixei aquilo percebi que poderia ser dali. Sem ferramenta alguma tentei dar aperto de forma a passar corrente, o que consegui, mas entretanto tinha passado uma hora e apenas consegui apanhar o ferry das 15:40. Durante a travessia olhava para a mota e perguntava-me a mim mesmo se chegaria a casa a rolar. Assim que o barco atracou, uma lufada de confiança suou quando pegou saudavelmente à primeira. Senti um estranho orgulho a sair em pleno Cais do Sodré, com o chaço mais podre que o mundo viu a andar. Passei por um amigo, Gonçalo Peixoto, e acenei uma vez, ficou a olhar para mim. Acenei novamente e ele como bem educado que é acenou de volta, provavelmente pensando… Mas que raio de saloiada é esta? Estou a chegar ás docas de Santo Amaro quando ouço um barulho metálico e a mota a apagar-se. Olha! Já está! Pensei eu. Isto é que é gripar um motor?! Olhei para baixo e saia fumo do motor. Ardeu, pensei na hora. Encostei a mota e para ter a certeza de que era o motor, tentei desengatar a caixa e fazê-la trabalhar. E trabalhou! Ai a minha vida! Se não é motor o que será? Sai de cima dela e ao empurrá-la para o passeio a roda de trás prendeu. Hummm que se passa? Fiz uma cara de espanto!!! Nãããããão!!!!???? Isto acontecia-me nas bicicletas pah! Saltou a corrente! Embrulhou-se toda na cremalheira e provavelmente no pinhão de ataque. Sem ferramentas e com a corrente partida, tive de dar por encerrada a viagem a trinta km de casa! A corrente estava laça, mas não dava para esticar mais. Pensei nisso, mas os esticadores estavam no máximo. O empedrado lisboeta foi traiçoeiro demais! O Bruno é que foi um dos porreiros de serviço! (Obrigado a quem se disponibilizou para me resgatar a qualquer altura.) Desenrascou-me com uma boleia oportuna e confortável. Estás lá Bruno! Registei!
De qualquer forma, esta aventura, não está terminada. Prometo regressar ás Docas de Santo Amaro para finalizar a viagem…
De qualquer forma, esta aventura, não está terminada. Prometo regressar ás Docas de Santo Amaro para finalizar a viagem…