11/27/2009

Actividade nocturna

Esta semana concretizei mais uma das minhas vontades manhosas! Um raid nocturno de bicicleta pela Serra de Sintra. Gosto da serra, especialmente de noite. Gosto de enfrentar o medo, medo das histórias macabras que se contam, o medo do escuro lol, o medo do inesperado, do silêncio e do ranger das árvores que nos parecem querer dizer qualquer coisa uuuuuuuuuuu, enfim aceitar/criar desafios e vencê-los é tarefa que gosto de me propor. Poderiam dizer que sou maluco, mas não sou. Quero dizer que não fui criador deste desnorte. Foi um efeito colateral de uma conversa entre amigos que desde há um par de meses dedicam algum tempo aos passeios de bicicleta. A data do raid foi alterada. Era suposto acontecer na semana passada, mas como estava um pouco dorido (pelo acontecimento do post anterior) os intervenientes, Pocinhas e Kamikaze, acederam a esperar uma semana para que me recuperasse fisicamente. Em boa hora o fizemos. Nesta quarta-feira, quando aconteceu o raid, gozámos de umas condições climáticas à medida da nossa aventura. Choveu praticamente o dia todo e para ajudar à festa esteve um nevoeiro que me fez esperar a qualquer instante ser surpreendido por D. Sebastião e o seu cavalo branco ahahahah. À última da hora outro maluco se juntou ao trio. Pecas, este sim o Guru das bicicletas. Um homem que vai de bicicleta do Algueirão à Nazaré merece este título! Para além disso, alinhou por tabela, pois ouviu falar deste raid e ligou-me a perguntar onde era o ponto de encontro e se podia ir… loooooool Grande espírito! Gosto de gente desta pah!
Passemos ao raid propriamente dito. Para aquecer, subimos o estradão até aos Capuchos, isto sem ver um caracol, embora tivéssemos visto muitas salamandras, sapos (seria por estar a chover? Lol ) e ainda um cão (nada a ver com a chuva ahahahha). Com um misto de suor e chuva, entrámos mata a dentro, sempre na cola do Pecas que comandou o pelotão. Confesso que tive medo. Não de nada que já tivesse falado. Tive medo de cair. O nevoeiro era denso, os travões eram… mentira e para mais, a luz que comprei tem uma abertura de mais de 180º o que me ofuscava o pouco que conseguia ver loooooooool. Não foi fácil. Os três tiveram de esperar por mim várias vezes. Para a próxima levo uma pala para a luz e vão ver como elas mordem! Bom entre poças, pocinhas e autênticas lagoas de lama, os trilhos por onde percorremos cerca de 16 km valeram-nos uma noite bem diferente e saudável.
Fica a foto de uma queda simulada no nosso primeiro passeio por Sintra.
Abraços e até já.

11/17/2009

A primeira vez...

Como foi a tua primeira vez? A minha foi hoje!
Hoje de manhã, 17 de Novembro de 2009 vai ficar para sempre gravado na minha vida como o primeiro acidente* sem a palavra “F”. Por norma, um gigantesco "foda-se" liberta-se logo após os acidentes. Hoje foi diferente. Calma, foi a primeira palavra que disse e foi direccionada ao condutor do outro veículo… Respondendo à pergunta sobre o meu estado físico. Acrescentei ao “Calma”, um doloroso “preciso de tempo para recuperar”
Passados uns segundos e dois ou três agachamentos, lá consegui conversar com o José (condutor do outro veiculo). Revi-me nele de imediato. Tranquilamente tudo se resolve. Ninguém se aleijou e isso é que conta, disse eu, apesar de ter batido com o orgão reprodutor no depósito da minha linda Hornet.
Eis a minha visão do acidente:
Vinha a passar por um cruzamento e vejo o carro de frente parado. Nem desacelerei. Quando me apercebi que ele ia virar à esquerda, ou seja, atravessar-se na minha faixa, aí sim desacelerei na esperança que ele me visse. Tal não aconteceu e foi por um triz que não me safei. Mas esse triz foi suficiente para fazer estragos de vulto na mota. Até para a levar à mão foi difícil, pois a roda da frente roça nos colectores. Uma tristeza. Voei por cima dela e fui aterrar no fofinho passeio de calçada. Um misto de lancil, alcatrão, grelha de ferro e pedras da calçada, enfim um luxo! Raspei o blusão o capacete e as botas. A parte pior foi mesmo nas calças. Para além de se descoserem todas, tipo Hulk quando cresce, rasgaram-se na zona da breguilha dando um aspecto um nada arrojado à vestimenta. Fomos tratar da papelada. Depois disso fui ao Hospital para me certeficar de que estava bem fisicamente, como estou aliás. Estou um nadinha dorido. Braços, pernas e zona abdominal. Vai passar. É mais uma batalha ganha nos acidentes da vida.
Sinceramente espero que tudo corra bem com os seguros de forma a rolar o mais rápido possível. Já tenho saudades da minha mota. Estou tranquilo, mas sei que vai ser doloroso ficar sem ela. Nem quero pensar muito nisso. O que for e como for será.
*Acidente: acontecimento repentino, fortuito e desagradável; acontecimento de que veio a resultar qualquer prejuízo…

11/04/2009

Fiat, já se sabe…

Tive durante muitos anos um Fiat Uno 60 SX. Era um carrinho muito interessante a todos os níveis. Tenho passagens com ele que não lembra a ninguém. Um dia “abro esse livro” Para agora importa fazer esta introdução, para ficarem a imaginar o conhecimento que já tinha daquela máquina com alma de Ferrari. Uma bela tarde de trabalho encontro um colega de volta do seu Uno com o capô aberto. Perguntei o que se passava e ele responde que estava tudo bem. Tinha tido uns problemas (custava a pegar), mas parecia tudo bem agora. Assaltou-me a ideia de lhe pregar uma partida. À primeira oportunidade fui ao caro e desliguei uma ficha que fazia passagem de corrente. Uma vez desligada era impossível o carro trabalhar… (na foto, o da esquerda era o meu com as jantes dele, no canto direito aparece o dele com as minhas jantes) Fiquei à coca para ver se ele ia usar o carro, mas nada. Passaram umas horas e nunca mais me lembrei da situação até ouvir uns barulhos estranhos vindos do parque de estacionamento. Mal fui espreitar, dei com o rapaz, novamente de capô aberto, todo suado e a rogar as maiores pragas possíveis ao carro e aos senhores que o construíram… Estava já no fundo da rampa, pois tinha tentado pegar o carro de empurrão e, obviamente, nada! Sorrateiramente fui-me aproximando até lhe perguntar o que se passava com o carro… A resposta não foi diferente das que muitas vezes eu dava a mim mesmo, quando passava por aquelas situações. Vou despachar esta porcaria, estou farto disto! Carro de merda! Etc… Com toda a calma do mundo disse-lhe que tinha um e que naquele carro nada me era estranho. A princípio estranhou a minha confiança, mas quando me fiz de entendido e lhe pedi para dar à chave sem acelerar, pensou duas vezes ehehehe. O motor de arranque fez o seu trabalho. A gasolina estava a ser injectada, pois cheirava que tresandava, então autoritariamente fiz sinal para parar.
- Calma! Não saias do carro que não vale a pena… - disse eu. - Já sei o que é! Tens aqui um fio desligado e não deixa o carro trabalhar, queres ver? Experimenta lá!
Pegou assim que rodou a chave! A expressão de alívio na cara dele era-me familiar. Parece que todas as frustrações morrem ali mesmo. É como se o sol rompesse as nuvens e os raios nos aquecessem automaticamente num dia de frio… - Maravilha! És o maior! - foram as palavras dele com entusiasmo. Apenas repeti que conhecia muito bem este carro. Como é óbvio, acabei por lhe contar a história como realmente se passou. Desde então o Uno passou a ficar sempre fechado… Se me fizeram alguma? Dificilmente levava carro. A mota era, assim como hoje, o meu transporte de eleição.