Naturalmente é de véspera que se preparam as coisas para a viagem, naturalmente ando numa roda viva pra sair daqui com a consciência tranquila no que respeita a obrigações, intenções e outras programações à muito feitas mas só agora postas em prática. Por exemplo trocar pneus à mota, meter um fecho no fato, deixar os oculos no oculista, visita ao dentista e a té cortar o cabelo… podia tê-las feito antecipadamente? Podia, mas …. Loool Falta ainda fazer a mala, coisa que assumo, só farei amanhã imediatamente antes de sair, não vá entretanto precisar de alguma coisa e deixa-la por esse motivo em casa. Quem diz a mala, diz o saco de depósito. Este ano vou ter um problema extra… a toalha de praia… Onde raio vou levar a toalha. Por acaso lembrei-me desse pormenor precisamente agora, enquanto escrevo estas linhas… vou perder alguns minutos (mais tarde) a pensar nisso e logo decido se vale a pena levar tal acessório looooool A programação da viagem foi traçada há já muito tempo, qualquer coisa como 1 ano, logo após a viagem aos Alpes. Ficou combinada uma viagem com letra grande só para 2011, porque este ano tenho mota nova e ainda não sabia o nível de fiabilidade dela. Assim em 2010 iríamos para um sítio à escolha mas perto de casa, de preferência com bons ares. Decidimos correr a costa sul de Espanha, desde Donana, perto de Cadiz a Dénia (com visita a Ibiza). No que toca ao principal motivo da viagem, vamos conduzir pela Serra Nevada e algumas estradas de referência, como as inevitáveis curvas de Aracena e outras que se apresentem apetitosas na folha do mapa. Embora esteja falado à muito, roteiros não temos! Não queremos! Roteiros lembra rotina, rotina lembra trabalho casa, casa trabalho… fora!!! 15 a 17 dias de despreocupação é o que nos propomos viver, fazendo uma das melhores coisas da vida…
6/02/2010
5/04/2010
Jerez de la Frontera 2010
Foi uma refrescante brisa de ar na calmaria do deserto. Escrevia no post anterior sobre viajar de mapa. Pois este fim de semana aconteceu, não para o desconhecido, mas para Jerez de la Frontera, catedral do Motociclismo Espanhol. Sendo a minha segunda viagem a Jerez e pelo que vi, depreendo que cada vez mais a viagem vale por isso mesmo. Quem lá vai com a expectativa de ver acção em duas rodas, pode ficar por casa, pois a acompanhar a tendência de Faro, as autoridades estão cada vez menos benevolentes com acrobacias e excessos nas ruas, quer em Cadiz, quer no porto de Santa Maria. Já a viagem continua a merecer toda a magia das palavras que quem conta histórias antigas. Não me canso de repetir sobre a minha preferência por Espanha para andar de mota e as curvas de Aracena são realmente qualquer coisa de encher as medidas a quem, como eu, vibra aos comandos da mota. Motard que é Motard roda acompanhado e de facto sem companhia não é a mesma coisa. Desde já um forte abraço aos companheiros de estrada que fizeram acontecer, Luís(cbr 900), Miguel (fjr 1300), Bruno Ramos (hornet 600) e Mad/Ana (gsrx 1000). Cada um com o seu (bom) humor deu de si o melhor para um excelente fim de semana de convívio. Ficámos instalados num Hostel em Barrio Nuevo, perto de Chiclana a cerca de 30 km da confusão. Um sítio onde fomos reencontrar pessoal de à 2 anos e rapidamente se retomaram conversas antigas e se reestabeleceram laços de amizade. Descobrimos os “chupitos”, muito populares entre as camadas jovens e rendemo-nos ao sabor do vodka caramelo para adocicar as conversas noite dentro. Só para terem ideia, éramos cerca de 18 pessoas, em 3 grupos de 6 cada. No sábado almoçámos com o grupo de Lisboa, e domingo viajámos com o grupo das Caldas. Grupos bem distintos, mas ambos com fair play e boa disposição. Chamo fair play, pois nem toda a gente tem o mesmo andamento e é bonito ver como se processam as viagens nestes termos. Os mais rápidos não se melindram em nada por esperar pelos menos experientes, fazendo jus ao espírito Motard que prevalece. O Luis, que conheci melhor nesta viagem, apimentou as conversas com os seus traumas psicológicos, como o de não comer nada que vê vivo. Ele que gosta de pescar, quando leva peixe fresco para casa, passa na praça e compra um já sem vida para ele comer ahahahahaah hilariante, não acham? O Bruno passou a viagem com o rabinho entre as pernas, pois como Espanha não é Portugal a falta de espelhos na hornet podia-lhe ter valido uma receita policial de mais de uma centena de euros. Desta vez passou… O Diogo (Mad) marcou pontos com a sua explicação sobre astronomia e ângulos de entrada de meteoritos na atmosfera (ehehehehe) depois de vermos a maior estrela cadente até hoje vista (pelo menos para mim). A Ana é e será sempre a minha heroína, pois quem anda a pendura com o Mad (alcunha sugestiva) merece todos os créditos, ainda por mais sendo a única mulher do grupo. Estás lá Ana. Miguel… o que dizer deste miúdo. Está sempre na berra. Faz uma casa e espero continuar a partilhar estrada com este senhor! És o "máior"!
Pessoalmente foi uma das viagens em que mais gostei de rolar. Andava desejoso de fazer estrada com a Ninja e mesmo com altas expectavivas criadas, não me desiludiu, pelo contrário, confirmou toda a teoria de que uma 600cc chega e sobra para o uso que lhes damos. Se na ida para Jerez, deu para sentir um cheirinho do que ela pode fazer, no regresso a Portugal, fiquei totalmente rendido ao seu desempenho. Segura a todos os níveis, fez das curvas rectas e acompanhou com descaramento as 1000cc. Eu que não gosto da ideia de vender, estava capaz de trabalhar para a Kawasaki e vender motas destas a toda a gente. Todo o Motard devia ter uma mota assim…
Mapa do percurso
Pessoalmente foi uma das viagens em que mais gostei de rolar. Andava desejoso de fazer estrada com a Ninja e mesmo com altas expectavivas criadas, não me desiludiu, pelo contrário, confirmou toda a teoria de que uma 600cc chega e sobra para o uso que lhes damos. Se na ida para Jerez, deu para sentir um cheirinho do que ela pode fazer, no regresso a Portugal, fiquei totalmente rendido ao seu desempenho. Segura a todos os níveis, fez das curvas rectas e acompanhou com descaramento as 1000cc. Eu que não gosto da ideia de vender, estava capaz de trabalhar para a Kawasaki e vender motas destas a toda a gente. Todo o Motard devia ter uma mota assim…
Mapa do percurso
4/22/2010
Gosto de Conduzir
É normal ouvirem-me dizer que gosto de conduzir. Mas realmente o prazer que retiro das horas agarrado ao volante ou guiador é qualquer coisa de palpável. Das viagens de mota que tenho feito, recordo os finais de dia em que trocamos ideias e revivemos episódios que se passam durante o dia e que em andamento só gestualmente dá para comentar. Nesses excelentes momentos de convívio vem sempre à baila uma frase que é do agrado de todos que comigo partilharam quilómetros de estrada: Fazia disto a minha vida! Bem vistas as coisas já não viajava de mapa desde os Alpes em 2009 e como quem não aparece, esquece, essa liberdade acaba por se dissipar na acelerada rotina da vida e até na rotina das estradas utilizadas que acabam por ser sempre as mesmas. Este fim-de-semana foi em cheio por vários motivos. Primeiro e mais importante foi o sucesso da operação da minha mãe, o que só por si me deixou muito satisfeito. Estava já programada uma viagem a Faro para a ver e a grande dúvida seria como ir. Carro ou mota? O estado do tempo quase decidiu por mim, mas não foi fácil. Sábado de manhã fui à Rame Moto (agente Kawasaki – este merece a publicidade) para a revisão dos 6000 km. Durante a espera nunca choveu, o que me incentivou a levar a mota, mas optei racionalmente por levar o carro, pois tenho o pneu de trás perto dos avisadores e como vou a Jerez no fim do mês, fiz contas e decidi poupar o pneu de forma a “chegar” a Jerez de la Frontera. O carro estava em simultâneo a trocar óleo e filtros (Rodrigo, és o maior!). De volta à Rame Moto e com o livro de revisão carimbado, siga para casa… Foi nesta fase que senti-me quase obrigado a levar a mota para o Algarve. A meu pedido foi afinada a suspensão da frente e de facto a mota parece outra. Fiz os cerca de 20 km em êxtase com a diferença! A entrada em curva faz-se com a maior das facilidades e isso fez subir e de que maneira os níveis de confiança. Estava na hora de decidir e acabei por levar mesmo o carro. Pesou também a ideia de jantar em Melides no domingo. Estar à mesa de fato de cabedal ensopado não seria grande ideia, apesar do imenso sorriso que certamente teria estampado na cara. Adiante com a história. Escolher itinerário… portagens, zero ou o mais próximo possível. Passei para a margem sul do Tejo pela Vasco da Gama e saí logo para o Montijo em direcção ao Poceirão, Águas de Moura e depois segui o IC1, coisa que não fazia à muito. Entre chuvadas de deixar de ver a estrada e a passagens de céu limpo foi um instante até chegar a Olhão e estar com a família. Diverti-me especialmente no troço do Montijo ao Poceirão e da Mimosa à via do Infante, sendo que neste último troço as curvas da serra Algarvia têm sempre o dom de mexer comigo que gosto de curvas! Depois de matar saudades dos algarvios da família e de constatar o bom estado de saúde da Adelaide, saí de Olhão pelas 17h de domingo. Consultei o via Michelin e tomei nota num papel do seguinte: SANTANA DA SERRA, esq. – CERCAL – SANTIAGO DO CACÉM – MELIDES. São os meus mapas de estrada e lá me orientei. Sai do IC1 para Santana da Serra e deparei-me com uma estrada de serra onde mal cabem 2 carros lado a lado. À parte deste pormenor, a paisagem era muito do meu agrado, chamaria Portugal profundo. A barragem de Santa Clara marca este horizonte de uma forma pouco habitual no Alentejo. Foi assim até ao Cercal. Depois até Santiago do Cacém foram curvas até perder de vista e em muitas delas ria sozinho no carro, ria a bom rir. Foi um misto de sentimentos felizes ahahahahah eram as curvas, o excelente fim de semana com a família, os caracóis e a companhia que me esperavam em Melides e também o facto de o Benfica marcar logo aos 3 minutos de jogo. Depois do jantar (o feijão preto ainda não me saiu da cabeça lol) e da companhia sempre bem disposta (são umas atrás das outras… deus te livre rapariga!) o regresso a casa feito na calma da noite e como eu bem gosto… a estrada só para mim! Como dizia o Nandinho em tempos … ripa caraças, ripa!!!
3/21/2010
34º
Este ano pensei festejar o meu aniversário, coisa que não tinha feito oficialmente no ano passado. Acontece que fui surpreendido pelo casamento do Pedro, marcado precisamente para esse dia. Foi uma alegria. Um dia especial para eles, Silvia e Pedro (obrigado pela surpresa)! Desejo-lhes toda a felicidade deste mundo. Por ter o casamento não organizei nada e contava passar o dia a divertir-me claro, mas distanciado do facto de completar mais uma primavera. Na véspera, 19 sexta feira, tinha combinado um café com a Andreia, o Jorge e a Angela. Quando entrei no bar olhei para o fundo e reconheci umas caras, coisa perfeitamente normal, pensei que tinham combinado com mais pessoal. Fui reconhecendo caras atrás de caras e lentamente a constatar que estavam todos numa mesa corrida e que nem todos se conheciam, mas definitivamente eu os conhecia a todos e bem. Só mais tarde (uns segundos) é que me apercebi da surpresa. Estavam todos secretamente reunidos para festejar o meu aniversário! Já lá vão 2 e eu nunca me apercebo de nada! Mesmo tanso! O denominador comum é a Angela. Da primeira vez teve o apoio da Sandra, isto já faz uns aninhos e foi tão maravilhoso quando desta vez que teve a ajuda da Andreia. Obrigado às duas e às 22 almas que apareceram a troco de nada. Os amigos têm um peso massivo na minha vida. Solteiro aos 34, vivo muito a amizade de quem priva comigo. Sou desligado e raramente tomo iniciativas para encontros sociais, mas definitivamente não vivo sem vocês! OBRIGADO!
As vossas lembranças ;)
2/18/2010
Sinto-me bem!
É verdade. Passei pelo centro de saúde hoje de manhã e foram-me retirados os pontos da operação. Que alívio! Andava com uma sensação de prisão. Aquelas finas linhas tiveram a capacidade de limitar a vida de uma forma que já nem eu me lembrava. Finalmente poderei tomar um banho em condições dignas de um ser humano! Finalmente pude agarrar na mota! Finalmente vou poder fazer desporto! Finalmente! Finalmente!
Hoje sinto-me bem, aliviado, leve, saudável! Na crónica do "Bloco Operatório" mencionei o "2010 ano da saúde". Reservei este ano, especialmente para tratar de mim. Falo fisicamente, pois o resto só melhora com a idade. A idade. Que peso real terá a idade sobre as nossas cabeças? Penso algumas vezes sobre isso e acredito que serei um velho criança. Não daqueles de fralda, espero que não. Gostava de viver a velhice de forma digna, como todos merecemos. Não quero dramatizar, mas nos dias que correm temos de cuidar de nós. Caminho para os 34 a grande velocidade e achei que seria um bom ano para fazer um check-up geral e tratar o que fui deixando para trás, como esta operação. Estou também a finalizar fisioterapia a uma tendinite no calcanhar, que até está a superar as minhas expectativas e em Março começo um programa de treino intensivo para aniquilar a barriga de pudim... Podem rir, podem chorar de rir (que eu faço o mesmo) mas sem impedimentos físicos, só um (uns) bons pratos me poderão impedir de alcançar esse objectivo em 2010.
Hoje sinto-me bem, aliviado, leve, saudável! Na crónica do "Bloco Operatório" mencionei o "2010 ano da saúde". Reservei este ano, especialmente para tratar de mim. Falo fisicamente, pois o resto só melhora com a idade. A idade. Que peso real terá a idade sobre as nossas cabeças? Penso algumas vezes sobre isso e acredito que serei um velho criança. Não daqueles de fralda, espero que não. Gostava de viver a velhice de forma digna, como todos merecemos. Não quero dramatizar, mas nos dias que correm temos de cuidar de nós. Caminho para os 34 a grande velocidade e achei que seria um bom ano para fazer um check-up geral e tratar o que fui deixando para trás, como esta operação. Estou também a finalizar fisioterapia a uma tendinite no calcanhar, que até está a superar as minhas expectativas e em Março começo um programa de treino intensivo para aniquilar a barriga de pudim... Podem rir, podem chorar de rir (que eu faço o mesmo) mas sem impedimentos físicos, só um (uns) bons pratos me poderão impedir de alcançar esse objectivo em 2010.
2/12/2010
Bloco Operatório
Lipoma = é um acumular de tecido gorduroso que surge por baixo da pele (subcutâneo). Os lipomas são tumores benignos, mas podem crescer bastante, causando grande incómodo estético e até mesmo físico.
Decidi extrair, no âmbito do 2010 o ano da saúde (coisas minhas). Foi mais rápido do que julgava e na passada terça feira sai de casa rumo ao Amadora Sintra para a micro-cirurgia. Dei entrada no Hospital e desde logo percebi que tinha de me conter. Vejo um casal a entrar no carro para sair do estacionamento e encostei o meu carro com pisca ligado a sinalizar a intenção de estacionar. Assim que o lugar ficou vago, chega-se um chouriço à frente vindo de uma saída das consultas externas. Eu parei o carro e fiz sinal que o lugar era meu. Avanço um pouco para a frente com intenção de estacionar de traseira e qual não é o meu espanto quando o chouriço se mete a chourição pelo estacionamento. Travei o carro e avancei em direcção ao sr. Chouriço. Educadamente pedi que tirasse o carro pois já lá estava à espera do lugar. A resposta não foi positiva e eis que sou invadido por uma onda de agressividade e literalmente ordenei que tirasse o carro ou ía-mos ter chatices. Isto em português terá sido mais ou menos assim: Tira mas é essa merda daí antes que leves uma chapada no focinho!!!!... Triste admito, mas eficaz! Chouriços ou distraídos? Não sei, sei apenas que abusam da sorte. O povo é sereno, mas um dia também o povo se passa dos carretos! Tenho o hábito de dizer… mamem mas não abusem! Este estava claramente a abusar!
Era suposto dar entrada ao meio dia. Cheguei ao local pelas 11:45h. Foi-me pedido para esperar na salinha até que me chamassem. Quando me apercebi da quantidade de pessoas que esperavam por uma cama, como eu, formatei de imediato as ideias de forma a não me deixar influenciar pelo pessimismo geral, ou mesmo pela má entrada no Hospital. Esperei mais de 2 horas. Debaixo de protestos mudos de alguns pacientes que nada tinham disso mesmo, paciência. Lá me aguentei, tranquilo e de boa vontade. Fui chamado e acompanhado por uma enfermeira com muito sentido de humor. Disse-me que não tinha cama, teria de ficar numa sala adaptada para o caso. Só lhe respondi que isso é que era preciso. Bom humor apesar das circunstâncias. Já na sala constatei que era mesmo uma situação real. Não tinha cama. Foi-me dito que provavelmente não teria sapatos. Não estava bem a perceber se estavam a brincar comigo, ou a falar a sério. Quando foi para me colocar o cateter, virei o bico ao prego. A enfermeira escarafunchou a mão direita e perguntou-me se estava a aleijar. A resposta tinha de ser no mesmo tom. Calmamente respondi que não, apenas estava quase a desmaiar… Parou de imediato e olhou para mim muito assustada, mas ri-me e conclui com humor. Deve pensar que só se brinca para um lado não? Ahahahah essa foi boa! Dizia ela. Coisa de 10 minutos depois chega uma auxiliar e entrega-me a bata verde e completamente transparente. Confirma que não tinham sapatos, estavam esgotados. Mandou-me despir e vestir a bata (igual a nada lol). Temos 2 maneiras de agir nestes casos. Ficamos envergonhados, ou pensamos que fartos de ver gajos com a piroca a balançar de um lado para o outro estão eles. Optei pela segunda hipótese. Nada mais certo. Deixei as vergonhas na sala e saltei para a maca a caminho do bloco operatório. A partir daqui somos tratados como mercadoria. Deixei de ter nome. Passei a ser o “primeiro tempo”. Dr. Já está aqui o primeiro tempo. Fiquei cerca de 30 minutos num hall de entrada para o bloco operatório. Tive tempo para dormir uma soneca, apesar de ter como almofada o dossier com o meu processo… Fui acordado pela única enfermeira que me tratou como ser humano. Simpatia e calor humano numa sala fria e impessoal. Liga-me ao saco de soro e logo inchou a mão. Azar, temos de furar a mão esquerda. Depois de tudo a postos e de me virar de barriga para baixo, fui informado de que iria ser anestesiado localmente com direito a adrenalina. Contente pela adrenalina (ahahahahah) mas preocupado pela anestesia local. Era sinal de que iria estar consciente e atento ás conversas. Senti a picada para a anestesia e de seguida comecei a ouvir comentários como: já lá estamos! Depois disso foi como se estivessem com um alicate a tentar tirar um parafuso velho e enferrujado. Este está difícil! Não quer sair! Umas tentativas depois… Já está! Respirei de alívio. Não estava a sentir qualquer coisa, mas as palavras eram tão piores que as dores, pensava eu. Quando me estava a preparar para relaxar, oiço: Espera! Ainda está lá mais qualquer coisa… Sai mais uma sessão de alicate e chave de fendas lol. Quando me puxam por um bife, gani de dor como um cão e respirei fundo. Perguntaram-me se doeu… chiça! Não que não doeu!!! Dessa hora em diante comecei a suar perdidamente, a ficar tonto e sem reacção (sintomas sobejamente conhecidos por mim) ao ver os monitores, a enfermeira humana (lol) depressa avisa o médico de que estava a ter uma quebra de tensão e baixa repentina da pressão cardio vascular. Nessa altura e em consideração a ela, levantei o braço e disse que era normal. Já ia recuperar e expliquei que basta falar de ossos partidos e coisas do género para ficar nesse estado. Ela riu e de facto confirmou-se a minha previsão. Mesmo a ouvir palavras como, dê dois pontinhos por dentro e depois pode coser por fora, os níveis retomaram a normalidade e apenas foi difícil fazer o penso, pois estava tão suado que nada colava à pele. Ao sair do bloco operatório fui surpreendido pela enfermeira humana que me ajudou a passar para a maca. Ela deve saber o quão importantes são estes gestos. Foi a única pessoa a quem agradeci, precisamente por ser a única que me tratou como José e não como “primeiro tempo” Na volta para a sala improvisada, discussão brutal entre enfermeiros e médicos sobre se iria ficar internado ou não. Camas não temos. Isto é uma vergonha dizia o enfermeiro chefe! Querem operar tudo, mas depois não têm condições. Lá decidiram mandar-me para casa. Nota 10 para a enfermeira que me deu a alta hospitalar. Estava bem e acima de tudo satisfeito com a cirurgia. Espero agora poder fazer desporto sem ter dores nas costas.
Como disse ao início, temos duas hipóteses de levar a coisa. Ou nos deixamos afectar e ficamos nervosos, ou tentamos levar na boa com grandes benefícios para nós mesmos… mas não é fácil… O sistema é um problema.
Decidi extrair, no âmbito do 2010 o ano da saúde (coisas minhas). Foi mais rápido do que julgava e na passada terça feira sai de casa rumo ao Amadora Sintra para a micro-cirurgia. Dei entrada no Hospital e desde logo percebi que tinha de me conter. Vejo um casal a entrar no carro para sair do estacionamento e encostei o meu carro com pisca ligado a sinalizar a intenção de estacionar. Assim que o lugar ficou vago, chega-se um chouriço à frente vindo de uma saída das consultas externas. Eu parei o carro e fiz sinal que o lugar era meu. Avanço um pouco para a frente com intenção de estacionar de traseira e qual não é o meu espanto quando o chouriço se mete a chourição pelo estacionamento. Travei o carro e avancei em direcção ao sr. Chouriço. Educadamente pedi que tirasse o carro pois já lá estava à espera do lugar. A resposta não foi positiva e eis que sou invadido por uma onda de agressividade e literalmente ordenei que tirasse o carro ou ía-mos ter chatices. Isto em português terá sido mais ou menos assim: Tira mas é essa merda daí antes que leves uma chapada no focinho!!!!... Triste admito, mas eficaz! Chouriços ou distraídos? Não sei, sei apenas que abusam da sorte. O povo é sereno, mas um dia também o povo se passa dos carretos! Tenho o hábito de dizer… mamem mas não abusem! Este estava claramente a abusar!
Era suposto dar entrada ao meio dia. Cheguei ao local pelas 11:45h. Foi-me pedido para esperar na salinha até que me chamassem. Quando me apercebi da quantidade de pessoas que esperavam por uma cama, como eu, formatei de imediato as ideias de forma a não me deixar influenciar pelo pessimismo geral, ou mesmo pela má entrada no Hospital. Esperei mais de 2 horas. Debaixo de protestos mudos de alguns pacientes que nada tinham disso mesmo, paciência. Lá me aguentei, tranquilo e de boa vontade. Fui chamado e acompanhado por uma enfermeira com muito sentido de humor. Disse-me que não tinha cama, teria de ficar numa sala adaptada para o caso. Só lhe respondi que isso é que era preciso. Bom humor apesar das circunstâncias. Já na sala constatei que era mesmo uma situação real. Não tinha cama. Foi-me dito que provavelmente não teria sapatos. Não estava bem a perceber se estavam a brincar comigo, ou a falar a sério. Quando foi para me colocar o cateter, virei o bico ao prego. A enfermeira escarafunchou a mão direita e perguntou-me se estava a aleijar. A resposta tinha de ser no mesmo tom. Calmamente respondi que não, apenas estava quase a desmaiar… Parou de imediato e olhou para mim muito assustada, mas ri-me e conclui com humor. Deve pensar que só se brinca para um lado não? Ahahahah essa foi boa! Dizia ela. Coisa de 10 minutos depois chega uma auxiliar e entrega-me a bata verde e completamente transparente. Confirma que não tinham sapatos, estavam esgotados. Mandou-me despir e vestir a bata (igual a nada lol). Temos 2 maneiras de agir nestes casos. Ficamos envergonhados, ou pensamos que fartos de ver gajos com a piroca a balançar de um lado para o outro estão eles. Optei pela segunda hipótese. Nada mais certo. Deixei as vergonhas na sala e saltei para a maca a caminho do bloco operatório. A partir daqui somos tratados como mercadoria. Deixei de ter nome. Passei a ser o “primeiro tempo”. Dr. Já está aqui o primeiro tempo. Fiquei cerca de 30 minutos num hall de entrada para o bloco operatório. Tive tempo para dormir uma soneca, apesar de ter como almofada o dossier com o meu processo… Fui acordado pela única enfermeira que me tratou como ser humano. Simpatia e calor humano numa sala fria e impessoal. Liga-me ao saco de soro e logo inchou a mão. Azar, temos de furar a mão esquerda. Depois de tudo a postos e de me virar de barriga para baixo, fui informado de que iria ser anestesiado localmente com direito a adrenalina. Contente pela adrenalina (ahahahahah) mas preocupado pela anestesia local. Era sinal de que iria estar consciente e atento ás conversas. Senti a picada para a anestesia e de seguida comecei a ouvir comentários como: já lá estamos! Depois disso foi como se estivessem com um alicate a tentar tirar um parafuso velho e enferrujado. Este está difícil! Não quer sair! Umas tentativas depois… Já está! Respirei de alívio. Não estava a sentir qualquer coisa, mas as palavras eram tão piores que as dores, pensava eu. Quando me estava a preparar para relaxar, oiço: Espera! Ainda está lá mais qualquer coisa… Sai mais uma sessão de alicate e chave de fendas lol. Quando me puxam por um bife, gani de dor como um cão e respirei fundo. Perguntaram-me se doeu… chiça! Não que não doeu!!! Dessa hora em diante comecei a suar perdidamente, a ficar tonto e sem reacção (sintomas sobejamente conhecidos por mim) ao ver os monitores, a enfermeira humana (lol) depressa avisa o médico de que estava a ter uma quebra de tensão e baixa repentina da pressão cardio vascular. Nessa altura e em consideração a ela, levantei o braço e disse que era normal. Já ia recuperar e expliquei que basta falar de ossos partidos e coisas do género para ficar nesse estado. Ela riu e de facto confirmou-se a minha previsão. Mesmo a ouvir palavras como, dê dois pontinhos por dentro e depois pode coser por fora, os níveis retomaram a normalidade e apenas foi difícil fazer o penso, pois estava tão suado que nada colava à pele. Ao sair do bloco operatório fui surpreendido pela enfermeira humana que me ajudou a passar para a maca. Ela deve saber o quão importantes são estes gestos. Foi a única pessoa a quem agradeci, precisamente por ser a única que me tratou como José e não como “primeiro tempo” Na volta para a sala improvisada, discussão brutal entre enfermeiros e médicos sobre se iria ficar internado ou não. Camas não temos. Isto é uma vergonha dizia o enfermeiro chefe! Querem operar tudo, mas depois não têm condições. Lá decidiram mandar-me para casa. Nota 10 para a enfermeira que me deu a alta hospitalar. Estava bem e acima de tudo satisfeito com a cirurgia. Espero agora poder fazer desporto sem ter dores nas costas.
Como disse ao início, temos duas hipóteses de levar a coisa. Ou nos deixamos afectar e ficamos nervosos, ou tentamos levar na boa com grandes benefícios para nós mesmos… mas não é fácil… O sistema é um problema.
1/07/2010
Sangue
Muitos brincam com os Escuteiros e as suas actividades, mas a verdade é que fui um deles e não me arrependo de o ter sido. Tenho para mim que os valores que lá encontrei reforçaram aqueles que os meus pais me ensinaram. Entre eles está o ajudar o próximo. Parece cliché, mas na realidade é das coisas na vida que mais preenche o ego. Tenho por experiências próprias que quando damos, recebemos muito mais em troca. Vale mais uma alma cheia que uma conta bancária. Foi por este princípio básico que decidi fazer o que à muito pensava. Dar sangue. Aos 33 nunca tinha dado. Erro eu sei . Sempre pensei fazê-lo, mas nunca aconteceu. Nós Portugueses, futebolísticamente falando, gostamos muito de trocar a bola no meio campo, mas raramente somos objectivos . Estou a mudar, vou fazendo alguns remates à baliza, menos do que queria, mas Roma e Pavia… Lá segui no encalço da unidade móvel para dar sangue. Tremenda desilusão. Tinha a tensão alta e não reunia as condições necessárias. Uma das coisas que faz subir a tensão é o café. Andava a beber 3 a 4 cafés por dia e decidi experimentar não beber pura e simplesmente. Ainda hoje não bebo. Experimentei beber depois disso e soube-me mal… Quem explica isto? Passado uma semana, tentei novamente e desta vez consegui satisfazer a minha vontade. Tornei-me dador de sangue! Regressei a casa na minha Hornet francamente bem disposto e de coração a transbordar de alegria. Em Fevereiro espero continuar a contribuir com um singelo mas poderoso gesto que pode fazer a pequena grande diferença entre a vida e a morte num destes dias qualquer…
http://www.ipsangue.org/maxcontent-documento-100.html
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