É normal ouvirem-me dizer que gosto de conduzir. Mas realmente o prazer que retiro das horas agarrado ao volante ou guiador é qualquer coisa de palpável. Das viagens de mota que tenho feito, recordo os finais de dia em que trocamos ideias e revivemos episódios que se passam durante o dia e que em andamento só gestualmente dá para comentar. Nesses excelentes momentos de convívio vem sempre à baila uma frase que é do agrado de todos que comigo partilharam quilómetros de estrada: Fazia disto a minha vida! Bem vistas as coisas já não viajava de mapa desde os Alpes em 2009 e como quem não aparece, esquece, essa liberdade acaba por se dissipar na acelerada rotina da vida e até na rotina das estradas utilizadas que acabam por ser sempre as mesmas. Este fim-de-semana foi em cheio por vários motivos. Primeiro e mais importante foi o sucesso da operação da minha mãe, o que só por si me deixou muito satisfeito. Estava já programada uma viagem a Faro para a ver e a grande dúvida seria como ir. Carro ou mota? O estado do tempo quase decidiu por mim, mas não foi fácil. Sábado de manhã fui à Rame Moto (agente Kawasaki – este merece a publicidade) para a revisão dos 6000 km. Durante a espera nunca choveu, o que me incentivou a levar a mota, mas optei racionalmente por levar o carro, pois tenho o pneu de trás perto dos avisadores e como vou a Jerez no fim do mês, fiz contas e decidi poupar o pneu de forma a “chegar” a Jerez de la Frontera. O carro estava em simultâneo a trocar óleo e filtros (Rodrigo, és o maior!). De volta à Rame Moto e com o livro de revisão carimbado, siga para casa… Foi nesta fase que senti-me quase obrigado a levar a mota para o Algarve. A meu pedido foi afinada a suspensão da frente e de facto a mota parece outra. Fiz os cerca de 20 km em êxtase com a diferença! A entrada em curva faz-se com a maior das facilidades e isso fez subir e de que maneira os níveis de confiança. Estava na hora de decidir e acabei por levar mesmo o carro. Pesou também a ideia de jantar em Melides no domingo. Estar à mesa de fato de cabedal ensopado não seria grande ideia, apesar do imenso sorriso que certamente teria estampado na cara. Adiante com a história. Escolher itinerário… portagens, zero ou o mais próximo possível. Passei para a margem sul do Tejo pela Vasco da Gama e saí logo para o Montijo em direcção ao Poceirão, Águas de Moura e depois segui o IC1, coisa que não fazia à muito. Entre chuvadas de deixar de ver a estrada e a passagens de céu limpo foi um instante até chegar a Olhão e estar com a família. Diverti-me especialmente no troço do Montijo ao Poceirão e da Mimosa à via do Infante, sendo que neste último troço as curvas da serra Algarvia têm sempre o dom de mexer comigo que gosto de curvas! Depois de matar saudades dos algarvios da família e de constatar o bom estado de saúde da Adelaide, saí de Olhão pelas 17h de domingo. Consultei o via Michelin e tomei nota num papel do seguinte: SANTANA DA SERRA, esq. – CERCAL – SANTIAGO DO CACÉM – MELIDES. São os meus mapas de estrada e lá me orientei. Sai do IC1 para Santana da Serra e deparei-me com uma estrada de serra onde mal cabem 2 carros lado a lado. À parte deste pormenor, a paisagem era muito do meu agrado, chamaria Portugal profundo. A barragem de Santa Clara marca este horizonte de uma forma pouco habitual no Alentejo. Foi assim até ao Cercal. Depois até Santiago do Cacém foram curvas até perder de vista e em muitas delas ria sozinho no carro, ria a bom rir. Foi um misto de sentimentos felizes ahahahahah eram as curvas, o excelente fim de semana com a família, os caracóis e a companhia que me esperavam em Melides e também o facto de o Benfica marcar logo aos 3 minutos de jogo. Depois do jantar (o feijão preto ainda não me saiu da cabeça lol) e da companhia sempre bem disposta (são umas atrás das outras… deus te livre rapariga!) o regresso a casa feito na calma da noite e como eu bem gosto… a estrada só para mim! Como dizia o Nandinho em tempos … ripa caraças, ripa!!!
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Já tinha saudades da escrita Grande Zé.
ResponderEliminarAquele Abraço